Olhos do Brasil 
Volume 01 - Moraes Moreira
REALIZAÇÃO: @BOTO.BR, DAN PELLICCIARI E JOÃO REGIS
FAIXA 09: FEITO MUHAMMAD ALI

Moraes Moreira me inspira mesmo antes de eu ter consciência disso.

​Participar do projeto “Olhos do Brasil” edição de Moraes Moreira, foi um presente. O trabalho de Moraes, principalmente com os Novos Baianos, já invade meus ouvidos à muito tempo. 
Aos 19 anos frequentava shows de uma banda cover chamada Nossos Baianos com amigos no místico Portela Café. A banda contava com a participação de vários artistas incríveis do novo cenário da música baiana, além da participação esporádica do poeta Luis Galvão.
Foi assim que o swing, o samba, e a energia dos Novos Baianos, e de Moraes, começou a penetrar meu coração.
Ainda nos primeiros anos fotografando, foi lá que comecei a dar os primeiros clicks, sem nem saber que isso algum dia iria se misturar... Doces histórias da vida!
Com o “Olhos do Brasil”, tive outra oportunidade com Moraes Moreira, agora muito mais íntimos, próximos! 
Só eu e ele.
Minto.​ Eu, ele e Muhammad Ali.
Primeiro passo foi me aprofundar na pesquisa, Cassius Marcellus Clay Jr.  foi um pugilista negro, anti-racista, americano, que mudou de nome ao se converter ao islamismo. Mohammed Ali desafiou o boxe a dançar.
Ele abaixou a guarda e descobriu que a fluidez combate a rigidez.
Considerado um dos maiores de todos os tempos dentro e fora da luta, Ali ficou conhecido pela movimentação rápida dentro do ringue. Sua maior arma dentro do esporte (que só pode atacar com as mãos) foram as pernas, um swing nunca antes visto no boxe fez Ali entrar pra história da luta mundial.
Trazendo essa história para nosso contexto.... em uma casa no meio do sertão da Bahia ao som de “Feito Muhammad Ali” comecei a dançar e sentir as vibrações rítmicas do meu corpo.
Me vi homem, com toda essa rigidez masculina imposta na nossa cultura, bailando sem medo com o corpo aceso pelo fogo da paixão. Mergulhei nas minhas profundezas através da dança e enxerguei a bailarina que vive em mim.
Cada frase foi se ligando a outra e quando vi, tinha um pré-ensaio, de auto-retrato, representando tudo que senti com Moraes e Muhammad Ali.
Mesmo assim, ainda não estava satisfeito com as fotos, faltava algo. 
Lembrando de toda trajetória de Moraes, da Boto e da música brasileira, entendi que não se tratava apenas de Moraes Moreira, esse ensaio era sobre o Brasil, sobre o brasileiro... e minha imagem não representa essa brasilidade que sentia no meu coração.
Por isso convidei o personagem perfeito para esses retratos. Ramon, um brasileiro de 19 anos, do interior do país, que traz em sua história a dicotomia que a música me mostrou.
Ramon caiu como luva, literalmente, e eu sentia na força do olhar dele a leveza e a rigidez na pose do pugilista.
Desejo que esse projeto tire vocês pra dançar, e transforme vocês, como me transformou. Transformação da rigidez à fluidez, do estático ao dinâmico, da dureza à liberdade.
Deixem queimar o coração.

Aos “Joãos”, “Ramons”, “Alis” e  aos  “Moreiras” que vivem em cada um de nós, brasileiros.
Veja o ensaio ouvindo a música para ter uma experiência completa: https://open.spotify.com/track/5jA2TVd8q5fjzcga6DEWs2?si=QbvYKPRzRHO3Ky60l4OzVQ
Acesse o site do "Olhos do Brasil" para conhecer mais o projeto e adquirir seu exemplar: https://www.olhosdobrasil.com/
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